Do you live, do you die, do you bleed...
...For the fantasy. In your mind, through your eyes, do you see. It's the fantasy! ?
Estava demasiadamente cansada da mesmice que seus dias haviam se tornado, ao menos quando trabalhava no ministério tinha algo a fazer, mesmo que muito trabalhinhos “sujos” sobrassem a ela e se sobrecarregasse. Ao menos ocupava a mente com algo. Sozinha e deitada sobre a grande cama de casal, fitava o teto de forma entediada, sentindo-se novamente como uma criança amedrontada. Sabia onde sua criança estava, finalmente sabia o local onde morava sua filha e não tinha coragem de ir até lá e contar que ela fora arrancada de seus braços quando ainda bebê. Ergueu-se, sabia que ficar ali deitada, formando planos para se abrir com uma criança, não era a melhor maneira de passar o sábado à noite e por isso decidiu sair.
Tomou um banho demorado e relaxante, penteou os cabelos e colocou um vestido de tecido fino e claro, pra variar um pouco do vermelho, que estava sempre presente em suas roupas. Pegou a bolsa e não precisou pensar muito, pra saber o lugar que queria ir.
Aparatou, assim que estava fora do campo de proteção que ela mesma criara em sua casa. Seus pés tocaram o chão, havia se acostumado com a sensação ruim que era aparatar e por isso não demorou a se recompor. Deslizou os dedos pelo vestido branco e suspirou, desejando não encontrar ninguém desagradável. Entrou no bar bem apresentável, que ficava em um ponto mais escondido de Londres. Caminhou diretamente até o balcão e sentou-se ao lado de um homem, sem muito reparar em sua aparência.
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Uma cerveja amanteigada. – Pediu ao garçom. Passou os olhos pelo bar, os instrumentos tocavam sozinhos, uma música agitada. Não estava muito cheio, alguns até dançavam – o que achava bem estranho – e outros apenas bebiam e riam alto. Seus grandes olhos castanhos claros pousaram sobre o homem ao seu lado. Ele estava com a cabeça abaixada e um copo de Uísque de fogo na mão, reconheceu pelo cheiro. O estranho também murmurava alguma coisa. Sacudiu a cabeça suavemente e olhou para o garçom, agradecendo a bebida que foi posta a sua frente.
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MAS POR QUÊ? – O homem ao seu lado ergueu a cabeça, sua voz estava um pouco embargada e ele cambaleava. – Você pode me explicar o motivo? – O homem que estava um banco afastado do seu, mudou-se de lugar e agora ficou ao seu lado.
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O-oi? – Perguntou, só pra ter certeza se era ela a pessoa com quem ele falava.
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Por que minha filha não pode virar freira? Por... Pooorrrr que... Ela tinha que namorar? – Corou quando se deu conta de que estava apreciando a beleza do bêbado. Não era o tipo de mulher que se sente assim envergonha na frente de um cara, totalmente pelo contrário, mas aquela sensação foi nova e engraçada. Inclinou um pouco o corpo, se afastando e tentando não ri da expressão dele.
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Garotas precisam de namorados. – Ele resmungou e voltou-se para o copo, ela apenas bebericou um pouco da sua cerveja e suspirou, tinha que sentar logo perto de um bêbado.
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Mazzz, ela é só um bebê. – Ele continuou e meteu a testa no balcão. A jovem americana virou-se rapidamente e o segurou pelos ombros.
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Senhor... Não faça isso. – O desconhecido ergueu a cabeça e se inclinou rapidamente sobre ela, que arregalou os olhos.
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Eu sou velho? Eu estou velho, sou senhor... SENHOR. Sou Thomas... T, h, o, m, a, s, Thomas o VELHO. – Ele bateu no balcão e pediu mais um Uísque, ela não sabia se ria ou se xingava.
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Okay, Thomas. Sou Spencer... Acho que já chega de beber, certo? – Estendeu a mão e afastou o copo dele, que acenou positivamente e se inclinou, jogando os braços em torno dos ombros dela, com a boca próxima ao seu rosto e o cheiro forte de bebida.
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Você namora? Seu pai sabe disso? Não namore... Não o faça passar pelo que estou passando. – Spencer soltou uma risadinha e tentou se livrar dos braços fortes do homem moreno. A sua barba mal feita, seu cheiro masculino misturado com álcool, seus olhos castanhos e sua boca a instigaram, achava uma pena que o tal Thomas estivesse totalmente bêbado.
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Não farei, agora por que não vai pra casa? – Não entedia por que estava sendo gentil com ele, ela simplesmente não se importava com as pessoas e estava dando dicas a um embriagado, provavelmente por que ele era bonito, ou por que estava debruçando sobre ela.
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Nã-ão... Eu vou dançar. – Ele levantou e foi cambaleando para o meio da pequena pista de dança, que havia no bar. Thomas começou com uma dança estranha, era engraçado vê-lo rebolando e tropeçando pela pista de dança, mas a coisa ficou séria quando ele começou a tirar a roupa.
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Moça, leve seu acompanhante pra fora ou vou ser obrigado a lançar um feitiço nele. – O garçom encarou Spencer, visivelmente chateado e deu as costas.
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Hei... Ele não é meu... – Antes que pudesse terminar a frase, lá estava ele girando a camisa e gritando:
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Speeeeeeeeeeeeeenceeeeeeeer! – “Ótimo, pela forma de se distrair.” Pensou.