Residência da Família Dellatorre - Itália

Aquelas férias estavam agitadas para Sarah, mas nem por isso menos divertidas: passara duas semanas na casa de Nonna Francesca em Florença com a família e se alegrou imensamente do tio não ter ido para lá. Porém, sua avó parecia muito triste pelo filho mais novo não manter contato. A menina tentou acalmá-la dizendo que Damian estava bem e que, pelo que ficou sabendo, viajara para os Estados Unidos.

Hoje, particularmente, era aniversário de Christine e a família resolveu dar uma festa para ela. Lisandro cuidava da montagem do jardim, Christine da decoração e Stefan e Sarah das comidas.

- Não, Stefan! Não é para colocar sal no meio da receita do bolo! Você tá maluco? – falou a garota retirando o pote de sal das mãos do irmão.

- Afe, Sarah! Calma, garota! Só confundi o pote! Não precisa ficar irritada!

- É que é o aniversário da mamãe e eu quero que fique tudo perfeito! Ok...Hum.. vai preparando essa travessa que eu termino o bolo!

Os dois prepararam todos os quitutes que seriam servidos na festa e os arrumaram sobre a grande mesa que se encontrava ao centro jardim.

- Sarah, querida! Você pode me dar uma ajudinha aqui?- perguntou Christine colocando a cabeça para fora da porta de casa.

- Claro mamãe! O que foi? – respondeu a italiana correndo em direção à mãe.

- Qual dessas flores você acha que fica melhor: os crisântemos ou os copos-de-leite? – perguntou apontando para dois vasos à mesa da sala.

- Hum... Qual você gosta mais?

- Eu? Dos crisântemos. – respondeu Christine um pouco surpresa.

- Então os crisântemos vão ficar ótimos! – disse Sarah com um grande sorriso no rosto.

Christine retribuiu o sorriso e abraçou a filha, dando –lhe um beijo no topo da cabeça.

- Obrigada, querida!

- De nada, mamãe! Deixa eu ver se o papai ou o Stefan precisam de mim! Já volto! – a menina saiu de casa e viu o pai e o irmão terminando de arrumar o jardim - Precisam de ajuda? – perguntou se aproximando de Lisandro.

- Não, querida. Já estamos acabando. – o auror levantou a mão e bagunçou levemente os cabelos da filha que riu e o abraçou.

- Ok então. Vou me arrumar pra festa. – Sarah se afastou e foi se aprontar.

Uma hora depois, os Dellatorre se encontravam no jardim e já se entretinham com os convidados que chegavam. A vizinhança toda viera para comemorar o aniversário de Christine. Ela conversava com todos ali, sempre muito simpática e alegre. Lisandro ria com os colegas do ministério italiano e Stefan comia enquanto falava com alguns amigos.

Sarah se juntou aos vizinhos Angela, Donnatella e Luigi e começou a brincar de esconde-esconde com eles. Angela conseguira se salvar na rodada, fazendo com que Sarah fosse a próxima a procurar pelos amigos.

Ela procurou embaixo das mesas, atrás de alguns arbustos e nada. Resolveu dar a volta na casa para ver se os encontrava. Estava quase virando a lateral da casa, quando ouviu as seguintes palavras:

- Mas Lisandro, você não fez nada de errado, homem! Você deveria mesmo ter acabado com a raça daquela bandida! O mundo está melhor sem ela agora!

- Sim, eu sei! Mas agora ele quer se vingar por eu ter matado Nina.

Do que Lisandro estava falando? Ele matou uma pessoa? Por que não contara? Sarah se abaixou e se escondeu atrás de um arbusto, apurando os ouvidos. Queria saber o que tinha acontecido com o pai. E se fosse muito grave?

- Claro, Lisandro! Mas ele não pode fazer nada. Pelo pouco que conheço, ele não se atreveria a arriscar a própria pele onde há tantas pessoas que têm poder para prendê-lo.

- Assim espero, Vincenzo, assim espero... Você sabe como eu temo pela segurança...

Sarah não terminou de ouvir a frase. Alguém a puxara com força e ela teve que se segurar para não gritar.

- O que você está fazendo escondida aí, garota? Desde quando você escuta as conversas do papai escondida? Tá louca? – para grande alívio da menina, ela descobriu ser Stefan. Mas ele não estava assim tão feliz.

- Eu...eu estava me escondendo do Luigi, oras! E agora você estragou a brincadeira, Stefan! Obrigada!- respondeu Dellatorre se desvencilhando do aperto do irmão e olhando brava para ele - E agora se me dá licença, eu vou terminá-la! E por falar nisso, já está quase na hora do bolo, não? Vou perguntar à mamãe se já podemos cantar parabéns.

Sarah se afastou e foi procurar Luigi e Angela, pois Donnatella já havia se salvado. A garota ficou um pouco nervosa por ter mentido para Stefan, mas logo esqueceu o ocorrido. Não demorou muito e encontrou os dois. Se preparavam para outra rodada, quando Chistine chamou todo mundo para comer o bolo. A partir daí, a noite seguiu tranquila e sem grandes preocupações.

Só quando a menina subiu para seu quarto e colocou o pijama para dormir, foi que a conversa de Lisandro com os colegas de trabalho veio à tona. Seu pai estava realmente preocupado. De quem será que ele havia falado? E aquele nome: Nina...Por que ele não lhe era estranho? Já o ouvira uma vez...mas não se recordava de ninguém com esse nome.

Sarah ficou pensando naquilo por algum tempo até que o sono venceu e a italiana fechou os olhos, entrando em seu mundo de sonhos, esquecendo completamente do que presenciara.